quinta-feira, 14 de agosto de 2014

STJ federaliza caso de promotor morto e aponta conflito entre MPPE e polícia

Isto pode gerar impunidade, e crime teria ligação com pistolagem, avalia STJ.
Promotor Thiago Faria Soares foi morto há exatos dez meses, em Itaíba.

Do G1 Caruaru
Promotor trabalha no comarca de Itaíba, no Agreste (Foto: Facebook/Arquivo Pessoal)Promotor seguia na PE-300 com a noiva e dio dela
quando foi morto (Foto: Facebook/Arquivo Pessoal)
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou a imediata transferência de responsabilidades no caso do promotor Thiago Faria Soares, morto há exatos dez meses em Itaíba, no Agreste. Nesta quarta-feira (13), todos os ministros da Terceira Seção optaram por destinar o caso a instituições federais. Para o ministro relator, Rogerio Schietti Cruz, é notório um conflito entre Polícia Civil e Ministério Público de Pernambuco (MPPE). "Ficou evidenciada a dificuldade incontornável do estado de Pernambuco de apurar e punir os responsáveis pela morte do promotor de Justiça, em descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é parte", disse ele, segundo a assessoria de imprensa do STJ.
A Polícia Federal já estava a par de alguns atos urgentes, depois de liminar, enquanto tal determinação não era decidida. A partir desta quarta, o inquérito ficará com esta corporação, o caso será acompanhado pelo Ministério Público Federal (MPF) e um juiz federal que abranja Itaíba deve ficar responsável pelas respectivas solicitações, ainda de acordo com a assessoria do STJ. Em texto publicado, o departamento também informa que "conforme observou o magistrado, a falta de entendimento operacional entre a Polícia Civil e o Ministério Público estadual provocou falhas na investigação, o que pode comprometer o resultado final, podendo inclusive gerar a impunidade dos mandantes e dos executores do homicídio". Caso seja possível - complementa a assessoria -, todo o caso será retomado.
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Mysheva Martins e o tio escaparam ilesos do crime. (Foto: Reprodução/ Rede Globo)Parentes de Mysheva já foram investigados por
pistolagem e, para STJ, este tipo de crime pode ter
relação com morte (Foto: Reprodução/ Rede Globo)
O pedido de federalização foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Sobre a situação, o G1 solicitou nota aos responsáveis pelas investigações. "A questão da federalização do caso do promotor foi decretada pela Justiça, cuja decisão é respeitada pela Polícia Civil. O inquérito  foi encaminhado ao Ministério Público não retornando mais  para a conclusão das investigações", comunicou o setor de Comunicação Social da corporação. "O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) não se pronuncia sobre esse assunto", limitou-se a comunicar a assessoria de imprensa desta instituição.
Entenda o caso
O promotor Thiago Faria Soares estava acompanhado da noiva, Mysheva Martins, e do tio dela, quando dirigia pela PE-300, no município de Itaíba, no dia 14 de outubro de 2013. Segundosimulação ocorrida em 23 de dezembro, os três foram perseguidos por um carro. O homem que estava no banco de trás desse veículo atirou com uma espingarda 12, acertando o promotor. Mysheva saiu do carro do noivo e se protegeu no barranco; o tio dela também saiu do veículo e andou pelo acostamento. Os atiradores voltaram e o homem que estava atrás atirou outras três vezes, antes de deixar o local do crime. Mysheva e o tio escaparam ilesos.
Antes da federalização, uma das linhas de investigação apontava para uma discórdia sobre a posse da Fazenda Nova, que fica em Águas Belas, também no Agreste. José Maria Pedro Rosendo Barbosa, o posseiro das terras, teve de deixar o local depois de uma ação judicial. Por causa de uma dívida trabalhista na Justiça Federal, Mysheva Martins conseguiu comprar a sede da fazenda. Nesse processo, ela teria recebido ajuda do noivo, o promotor Thiago Faria. Na desapropriação, ele esteve na fazenda com um oficial de Justiça. Irritado com o caso, José Maria Pedro Rosendo Barbosa, segundo a polícia, teria encomendado a execução do promotor ao cunhado, Edmacy Cruz Ubirajara, que esteve preso e foi solto no dia 18 de dezembro. Até o momento. No entanto, José Maria encontra-se foragido.
Para o STJ, "o crime estaria inserido no contexto de atuação de grupos de extermínio na área, conhecida como Triângulo da Pistolagem". Parentes da noiva do promotor já foram alvo de denúncias e investigações sobre este tipo de crime na região.

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