Pois é… Vamos
ver. Mário de Oliveira Filho, advogado do lobista Fernando Antônio
Falcão Soares, o Fernando Baiano, fez uma afirmação perturbadora. Disse
ele: “O empresário, se porventura faz alguma composição ilícita com
político para pagar alguma coisa, se ele não fizer isso, não tem obra.
Pode pegar qualquer empreiteirinha e prefeitura do interior do país. Se
não fizer acerto, não coloca um paralelepípedo no chão”.
Que coisa! Não
sei se é um bom caminho para a defesa. Talvez o mais prudente, se é para
confessar ilícitos, seja o acusado tentar a delação premiada e contar
tudo o que sabe. Notem: na prática, doutor Oliveira Filho está admitindo
que crimes foram cometidos, mas com um diferencial: ele sugere que seu
cliente fez o que todo mundo faz. Sabem o que é mais triste? Sabem o que
é melancólico? Ele está falando a verdade.
A corrupção é
uma questão de caráter, de indivíduos? Claro que sim! É preciso haver
disposição subjetiva para cometer crimes. Mas também remete a uma
cultura, e a nossa é tolerante, infelizmente, com a mistura entre o
público e o privado. A coisa vem de longe, como demonstra Raimundo Faoro
em “Os Donos do Poder”. Como demonstra Sérgio Buarque de Holanda em
“Raízes do Brasil”. Cultura, no entanto, é uma construção, não uma
natureza. E pode ser mudada.
Ora, se é
verdade, e é, que os negócios estão sujeitos à interferência política,
estamos diante de uma evidência importante: quanto mais estado houver na
economia, quanto mais o poder público estiver presente em atividades
que dizem respeito à sociedade, quanto mais as obras estiverem sujeitas à
interferência de criadores de dificuldades que vendem facilidades,
então maior será a corrupção.
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