sábado, 22 de março de 2014




Ela não volta, mas justiça foi feita, diz 



mãe de garota estuprada e morta


Luzinê de Araújo foi condenado por crime contra Cloé Muratori em 2008.
Menina passava férias com a família em casa de vila turística da Bahia.

Henrique MendesDo G1 BA

Menina passava férias com a família na Bahia (Foto: Imagens/TV Santa Cruz)Menina passava férias com a família
na Bahia (Foto: Imagens/TV Santa Cruz)
"Foram cinco anos de agonia. Não vou ter a minha filha de volta, mas a justiça foi feita. Estou mais aliviada". A declaração feita ao G1, na tarde desta sexta-feira (21), é da paulista Luciana Muratori, 37 anos, mãe de uma menina de três anos que foi sequestrada, estuprada e morta em um condomínio do município de Trancoso, localizado a 719 quilômetros de Salvador, região sul da Bahia.
O alívio da mãe tem uma explicação. Na noite de quinta-feira (20), Luzinê de Araújo dos Santos, 30 anos, acusado pela morte da menina Cloé Muratori Paroli, foi condenado a 37 anos e 6 meses de prisão, por meio de votação unânime em júri popular. Pouco mais de 17 horas após a decisão dos jurados, Luciana disse que volta para a Austrália, na próxima terça-feira (25), com a certeza de que o crime contra a filha não cairá na impunidade.
"Inicialmente, eu não queria vir para o julgamento. Tinha medo do resultado. São sete pessoas no júri e você nunca sabe ao certo a decisão que irão tomar. Entretanto, o meu advogado disse que a minha presença era importante, mesmo sabendo que o marido estaria no julgamento", relata Luciana.

A mãe da vítima ainda destaca que foi abraçada por todos os integrantes do júri, composto por seis mulheres e um homem.  "O fórum ficou lotado. Todo mundo me deu muita força", completou.
Quando a sentença foi proferida pelo juiz, por volta das 19h30 de quinta-feira, Luciana disse que um grito de alívio saiu quase  inconscientemente. "Admito que falei: Mofe no inferno. Eu tinha que dizer algo para ele. E foi isso que saiu", detalhou.
Menina de 3 anos foi estuprada e morta em Trancoso, na Bahia (Foto: Imagens/TV Santa Cruz)Menina de 3 anos foi estuprada e morta em
Trancoso, na Bahia (Foto: Imagens/TV Santa Cruz)
Lembranças
Emocionada, Luciana Muratori diz que guarda as tristes lembranças do dia do crime. Ela conta que estava em um condomínio de Trancoso com a família, comemorando o retorno para o Brasil após três anos morando na Nova Zelândia .
"Eu e o meu esposo [que é neozolandês] decidimos abrir um negócio, em São Paulo, que deveria ser iniciado em janeiro de 2009. No final de 2008, tivemos a ideia de relaxar antes voltar ao trabalho. Imaginamos: nossa, vamos passar um período de férias em uma praia da Bahia", lembra Luciana.
Ela conta que no dia 4 de dezembro de 2008, a filha estava brincando na frente da casa, quando ela foi acordar o marido. Ao voltar, ela disse que não viu mais a menina e começou a procurar, sem imaginar que a filha já tinha sido vítima de uma brutalidade. Ao atravessar uma passarela próximo ao condomínio, que era coberto de arames farpados e dava acesso a um riacho, ela disse que encontrou o homem que posteriormente seria apontado como o principal suspeito.
"Eu perguntei se ele tinha visto a minha filha e ele disse que não. Entretanto, logo ele virou a cabeça para o lado e apontou como se tivesse visto algo. Eu pedi que ele olhasse e ele disse que era a Cloé. Ela estava com corpo coberto de folhas em um espécie de manguezal", relata.
Luciana destaca que, inicialmente, a suposição de todos é que teria sido um afogamento. Entretanto, por não compreender como a filha teria chegado sozinha ao riacho, o pai resolveu verificar o corpo da menina e notou sinais de abuso sexual. O suspeito foi identificado e preso no final de fevereiro de 2009. "Na época da prisão, eu descobri que estava grávida. Não queria mais viver com meus filhos e marido no Brasil. Em 2010, fomos morar na Austrália", relatou a mãe da vítima, que já tinha um outro filho, um pouco mais velho que Cloé.
Luciana diz que o condenado, Luzinê de Araújo, estava realizando uns serviços no condomínio como jardineiro. Ele era marido da emprega da casa, que após o crime se separou do suspeito, com quem tinha uma filha idade de Cloé. "Ela acompanhou o julgamento do início ao fim. Todo mundo conta que ela ficou muito abalada com o fato. Ela não tem culpa de nada", considerou.

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