terça-feira, 17 de junho de 2014

Governador de MG sanciona lei contra uso de máscaras em protestos


Legislação deve ser publicada nesta quarta (18), quando entra em vigor.
Em atos, mascarados suspeitos já são obrigados a se identificar à polícia.

Flávia CristiniDo G1 MG
Mascarados participam das manifestações de junho em Belo Horizonte (Foto: Sara Antunes / G1)Mascarados nas manifestações de junho de 2013 em Belo
Horizonte (Foto: Sara Antunes / G1)
No dia seguinte à aprovação em 2º turno, a restrição ao uso de máscaras em manifestações de rua foi sancionada pelo governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho. A lei recebeu o número 21.324 e entra em vigor na data da publicação no Diário Oficial dos Poderes do Estado, nesta quarta-feira (18), segundo a assessoria do governo. Em protestos na capital mineira, mascarados suspeitos já estavam sendo obrigados a se identificar à polícia.
O texto aprovado determina que a restrição seja aplicada somente no caso de “fundado receio de uso da camuflagem objetivando a prática de depredações ou outros tipos de crime, a juízo da autoridade competente”. Com a legislação, fica restrito o uso de máscara, venda ou qualquer cobertura que oculte a face em eventos que envolvem multidões. O projeto que deu origem à lei não fala em proibição do uso de máscaras.
Dessa forma, como prevê um dos artigos, o mascarado flagrado fica obrigado a se identificar sempre que solicitado por policial em serviço ou por servidor público no exercício do poder de polícia. Em caso de descumprimento, está previsto o encaminhamento do infrator, multas que variam de R$ 1.319,10 a R$ 26.382 e monitoramento em outros eventos.
“Esta lei é mais um instrumento de proteção da sociedade e do cidadão. Ao dar ao agente público um instrumento de identificação de pessoas que buscam o anonimato para praticar atos ilícitos, como vandalismo e depredação do patrimônio público e privado, também garante ao manifestante o direito de saber quem está ao seu lado e quem o aborda. Queremos que, em Minas Gerais, todos tenham seus direitos preservados e respeitados, com o poder público agindo em consonância com os verdadeiros anseios da população”, disse o governador em texto divulgado pela assessoria de imprensa.
Regime de urgência
O Projeto de Lei 4.474/13, que deu origem à legislação, foi proposto pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT) e tramitou em regime de urgência. O objetivo seria facilitar o trabalho da polícia na identificação de pessoas que aproveitam a oportunidade das mobilizações para praticar crimes de vandalismo.
"Na prática, o policial vai abordar o cidadão e determinar que ele retire a máscara. Se recusar, ele vai ser identificado civilmente num boletim de ocorrência, vai ser levado para a delegacia e vai receber multa", disse o deputado ao G1, após a primeira votação em plenário. Segundo ele, o projeto não estabelece prisão. O parlamentar afirma que o projeto pretende que todo cidadão com o rosto coberto seja abordado e tenha que retirar a máscara durante os protestos.
Ainda segundo o projeto aprovado pelo deputados, o encaminhamento à identificação criminal ocorrerá sempre que impossibilitada ou controversa a identificação civil e, ainda, nos casos previstos em lei federal.
A aprovação em 2º turno ocorreu nesta segunda-feira (16). A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) tinha prazo de 10 dias corridos para enviar o projeto ao governador, que poderia levar 15 dias úteis para sancionar ou vetar.
'Faltou ser mais objetivo'
Questionado pelo G1 sobre a contribuição do projeto para o trabalho da polícia, o tenente-coronel Alberto Luiz, assessor de comunicação da Polícia Militar (PM), afirmou que faltou objetividade. "O bom seria se trouxesse que é proibido estar em via pública mascarado, faltou ser mais objetivo. É proibido e ponto", disse nesta segunda-feira (16). Segundo ele, a constituição já fornece elementos para que o policial aborde, identifique e conduza quem está em atitude suspeita.
O tenente-coronel explicou que, por ocasião das manifestações, pessoas mascaradas estão sendo abordadas e identificadas. "Se estavam usando a máscara, estavam no anonimato. Têm a máscara apreendida e estão sendo levadas presas para averiguação se houver fundada suspeita de depredação. A fundada suspeita se explica porque há outros crimes sendo cometidos por mascarados. Mas é claro que o policial terá que observar os princípios da razoabilidade", afirma sobre a conduta policial durante os últimos protestos em Belo Horizonte.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.