domingo, 15 de junho de 2014

Casas com risco de desabamento na Zona Leste de Natal serão demolidas


Cratera se abriu na rua Guanabara, uma das mais danificadas pela chuva.
Segundo a Defesa Civil, mais de 50 famílias de Mãe Luíza foram realojadas.

Felipe GibsonDo G1 RN
Deslizamento arrastou veículos para cratera no bairro Mãe Luíza (Foto: Felipe Gibson/G1)Deslizamento arrastou veículos para cratera no
bairro Mãe Luíza (Foto: Felipe Gibson/G1)
As casas que tiveram as estruturas comprometidas após um deslizamento de terra na noite deste sábado (14) precisarão ser demolidas no bairro de Mãe Luíza, na Zona Leste de Natal. A informação foi confirmada pelo supervisor de fiscalização ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Evânio Mafra, que acompanhava os trabalhos no local do desabamento na manhã deste domingo (15). Um levantamento sobre quantas e quais casas precisarão ser derrubadas só será realizado com melhores condições climáticas.

Dezenas de famílias precisaram deixar suas casas, a maioria delas na rua Guanabara, uma das mais movimentadas do bairro, onde uma cratera se abriu no meio da pista por causa da chuva. Parte do asfalto cedeu e deslizou barranco abaixo, levando também as calçadas das residências, pedras e muita terra para a Via Costeira, principal acesso à rede hoteleira. As casas de uma travessa que dá acesso à rua Atilaia, em Mãe Luíza, e dois prédios vizinhos à área do deslizamento, na praia de Areia Preta, também foram evacuados.
Três metros de areia cobriam a pista da Via Costeira (Foto: Felipe Gibson/G1)Três metros de areia cobriam a pista da
Via Costeira (Foto: Felipe Gibson/G1)
Três metros de areia ainda cobriam a pista no início da tarde deste domingo. De acordo com Evânio Mafra, a terra só será retirada após uma avaliação técnica. "Vamos esperar que o clima melhore em primeiro lugar. O terreno ainda está muito instável para a retirada e as tubulações da Caern (Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte) estão funcionando. Precisamos que seja desligado para executar o serviço", explica.

Da praia de Areia Preta, o comerciante Rackson Nascimento observava sua casa na beira da cratera aberta em Mãe Luíza. Com a parede derrubada, era possível ver a parte interna do imóvel e alguns bens do comerciante, como uma televisão e uma prancha de surfe. "Minha motocicleta foi arrastada para a cratera. Eu nem estava em casa. Soube depois e não pude pegar minhas coisas. Está tudo lá. Documentos, eletrodomésticos, tudo", conta Rackson, que morava com a mulher na casa. Ele está hospedado na casa da sogra.

Na noite do desmoronamento o supervisor da Semurb conta que foi difícil convencer os moradores a saírem de casa. "Muita gente teve que ser forçada a deixar o local. Queriam voltar para buscar documentos e eletrodomésticos, mas não pudemos liberar por questão de segurança", ressalta Evânio Mafra. Quanto aos prédios que precisaram ser evacuados em Areia Preta, o supervisor conta que não há previsão para liberar a volta dos moradores aos apartamentos.
No início da tarde da sexta-feira (13), quando a terra deslizou pelo barranco, a areia invadiu a Via Costeira e arrastou cinco carros e uma motocicleta. Ninguém se feriu, mas deixou a avenida interditada até a manhã do sábado, quando um novo deslizamento fez a Defesa Civil interditar novamente a pista. À noite, a situação se agravou e a terra voltou a descer morro abaixo (veja vídeo ao lado).
A jornalista Carolina Souza fez a filmagem e conta que ficou apreensiva no momento em que ocorreu o incidente. “Tinham pessoas lá embaixo, fiquei nervosa. Tive medo de o muro cair sobre as pessoas”, lembra. No vídeo, Carolina grita para alertar sobre o risco de desabamento.
Deslizamento aconteceu na avenida Dinarte Mariz, no trecho da Praia de Miami, na orla de Natal (Foto: Léo Carioca/Futura Press/Estadão Conteúdo)Deslizamento sobre a Via Costeira, na Zona  Leste
da cidade, atingiu cinco carros e uma motocicleta
(Foto: Léo Carioca/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Alerta
De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), a chuva foi contínua em praticamente 48 horas, com um acúmulo no período de 285 milímetros de água sobre a cidade. “Choveu nestes dois dias o equivalente a média histórica de todo o mês de junho”, afirma o meteorologista Gilmar Bristot. Ainda na noite do sábado, a Prefeitura de Natal emitiu umsinal de alerta e determinou que todas as Secretarias Municipais com equipes, material e veículos permaneçam de sobreaviso enquanto o tempo não melhorar.
Ao G1, Bristot explicou que três fatores estão causando a permanência de nuvens carregadas sobre a cidade. "Ventos fracos, água quente no litoral e umidade alta. Estas três situações, juntas, fazem com que as chuvas não dissipem", disse. "Para a capital potiguar, o mês de junho, historicamente, é o mês mais chuvoso do ano", acrescentou o meteorologista.
A Procuradoria Geral do Município também foi alertada e deve elaborar um decreto de estado de calamidade pública ou de emergência a fim de que sejam tomadas medidas necessárias para a recuperação das áreas atingidas pelo temporal.
Ainda segundo a Prefeitura de Natal, desde o início das chuvas, ainda na manhã da sexta-feira, vários bairros da cidade vêm enfrentando problemas de alagamento pelo excesso de água - sobrecarregando o sistema de lagoas de captação do município.
Lagoa de São Conrado, no bairro Dix-Sept Rosado, transbordou com as chuvas que caem em Natal (Foto: Pedro Rodrigues/G1)Lagoa de São Conrado, no bairro Dix-Sept Rosado,
transbordou com as chuvas que caem em Natal
(Foto: Pedro Rodrigues/G1)
Prejuízos
Além da cratera aberta em Mãe Luiza e do risco iminente de desmoranamento de casas, as chuvas também causaram prejuízos a moradores de outros bairros da cidade. Em Lagoa Nova, na Zona Sul, moradores das proximidades da avenida Capitão-mor Gouveia com a rua Mandacaru tiveram as casas invadidas pela água. O tabelião Acácio Costa mora na região e conta que já é a segunda vez que tem a residência alagada. “Pelo menos seis casas aqui estão sofrendo com os alagamentos. A água está danificando móveis e outros objetos”, relatou.
A lagoa de captação de São Conrado, que fica na avenida Lima e Silva, na Zona Oeste de Natal, também não suportou o volume de água acumulada e transbordou. Residências vizinhas alagaram e alguns moradores foram retirados de casa com a ajuda de botes do Corpo de Bombeiros. Carros foram inundados.
Carros ficaram presos em meio às ruas alagadas perto da lagoa de captação de São Conrado, na Zona Oeste  (Foto: Pedro Rodrigues/G1)Carros ficaram presos em meio às ruas alagadas perto da lagoa de captação de São Conrado, na Zona Oeste (Foto: Pedro Rodrigues/G1)
Na rua Luiz Cúrcio Cabral, no bairro Dix-Sept Rosado, os moradores tentam fazer barricadas para evitar maiores danos. A dona de uma das casas, Edilene Castro, disse que mora com o pai e o marido. "Não temos condições de sair de casa. Estamos fazendo barreiras, mas as casas da rua estão todas alagadas. Alguns vizinhos estão tentando tirar a água de dentro de casa com rodos e baldes", disse ela.
Carro foi atingido por árvore na rua da Bronzita, na Zona Sul de Natal (Foto: Reprodução/Felipe Gibson/G1)Carro foi atingido por árvore em Potilândia
(Foto: Reprodução/Felipe Gibson/G1)
Durante a madrugada deste domingo, a queda de uma árvore na Rua da Bronzita, no conjunto Potilândia, na Zona Sul da cidade, deixou um carro danificado e parte das casas sem energia. A rua fica nas imediações da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Moradores relataram que a árvore desabou por volta das 3h30. Os galhos afetaram a fiação de postes e deixou o local sem energia até o início da manhã, quando uma empresa terceirizada da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) chegou à rua para restabelecer o fornecimento.
Deslizamento atingiu piscina de pousada próxima ao Morro do Careca, em Natal (Foto: Fernanda Zauli/G1)Deslizamento atingiu piscina de pousada próxima
ao Morro do Careca (Foto: Fernanda Zauli/G1)
Ainda pela madrugada, um deslizamento de terra destruiu a piscina de uma pousada que fica ao lado do Morro do Careca - duna de 107 metros margeada por vegetação - cartão-postal da praia de Ponta Negra, a mais famosa de Natal. Segundo o Corpo de Bombeiros, o terreno cedeu em razão das chuvas que caem na cidade desde as primeiras horas da sexta-feira (13). Um poste também tombou e atingiu o telhado de um restaurante que fica vizinho à duna. A área de lazer da pousada foi interditada e não houve feridos.
Quando o dia amanheceu, parte do muro de uma residência cedeu e desabou sobre um carro na rua Passo da Pátria, no bairro de Cidade Alta, na Zona Leste da cidade. Ninguém ficou machucado.
Parte do muro cedeu e caiu sobre um carro que estava estacionado na rua Passo da Pátria; ninguém se machucou (Foto: Diego Hervani/G1)Parte do muro cedeu e caiu sobre um carro que estava estacionado na rua Passo da Pátria; ninguém se machucou (Foto: Diego Hervani/G1)
Sinal de alerta
Ainda na noite de sábado (14) o prefeito Carlos Eduardo determinou que todas as Secretarias Municipais com equipes, material e veículos permanecessem de sobreaviso enquanto durar as chuvas. A Procuradoria Geral do Município também foi acionada para elaborar um decreto de estado de calamidade pública ou emergência a fim de que sejam tomadas as medidas necessárias para a recuperação das áreas atingidas pelo temporal.
Ainda no início da noite do sábado foi preciso criar uma força-tarefa para discutir um plano de ações. Este grupo é composto pela Prefeitura, Corpo de Bombeiros e Exército.
O telefone da Defesa Civil do Município está em regime de plantão. Os casos de urgência e necessidade de atendimento devem ser relatados no (84) 3232-2525. A Defesa Civil está recebendo doações para os desabrigados na Escola Municipal Santos Reis, próximo ao Mercado do Peixe, nas Rocas.


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