quarta-feira, 1 de julho de 2015

Cunha defende direito a voto para presidente da Câmara

Pelo regimento, presidente só vota em alguns casos, como desempate.
Cunha sustenta que poderia votar PEC, já que não tem como dar empate.

Fernanda Calgaro Do G1, em Brasília
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), questionou nesta quarta-feira (1º) a regra do regimento que impede o presidente da Casa de votar, a não ser em caso de desempate ou votação secreta, e defendeu o seu direito a voto nas propostas de emenda à Constituição (PEC).

Cunha pretendia votar na sessão que rejeitou a redução da maioridade penal na noite terça (30) e contou que levantou essa questão junto à assessoria técnica da Câmara. No entanto, foi desaconselhado e disse que não votou para evitar “polêmica”. Nesta quarta, após reunião de líderes, Cunha anunciou que a Casa votará outra proposta semelhante sobre a redução da maioridade.

“Tem uma dúvida [em relação ao regimento] que eu mesmo levantei ontem. A assessoria não deixou que eu votasse. [...] Eu não quis criar polêmica ontem. Então, não votei”, afirmou. O regimento interno da Câmara, no parágrafo 1º do artigo 17, estabelece que o presidente “não poderá, senão na qualidade de membro da Mesa [Diretora], oferecer proposição, nem votar, em plenário”.

O objetivo da norma é atribuir um caráter de isenção ao cargo de presidente, que deve funcionar como um juiz na condução dos trabalhos, sem assumir lados. Tanto é que na votação de projetos de própria autoria dele, por exemplo, o presidente cede a cadeira a outro parlamentar para fazer a votação.

A regra permite que ele vote apenas no âmbito da Mesa Diretora, que decide, por exemplo, questões administrativas, para desempatar o resultado de votação no plenário ou quando for realizado escrutínio secreto, como na eleição dos integrantes do comando da Casa.

O presidente da Câmara disse que está “discutindo” o tema com a assessoria técnica da Casa e defendeu mudança na regra. Para alterar o regimento, é necessário que seja proposto um projeto de resolução, que teria que ser aprovado no plenário por maioria simples.

Cunha sustenta, que, em votação de proposta de emenda à Constituição (PEC), que exige quórum mínimo de 308 votos – equivalente a 3/5 do total de deputados – a favor para aprovar a medida, não há possibilidade de empate. Para aprovação de projetos de lei, é necessária apenas a maioria simples.

“Eu acho que eu tenho que votar. Por que que eu não posso votar? [...] O regimento fala em desempate. Como emenda constitucional não dá desempate, por que que eu não posso votar? Eu sou parlamentar”, disse, acrescentando ser um “deputado como todos”.

O texto que previa a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos no caso de crimes graves recebeu 303 votos na votação de terça e acabou não aprovado por apenas cinco votos.

“Você tem um quórum de 3/5 [em relação aos 513 deputados]. Se eu saio do quórum, como é que o quórum passa a ser 308?”, criticou.

Cunha disse que está “discutindo” o tema com a assessoria técnica da Casa e defendeu mudança na regra. Para alterar o regimento, é necessário que seja proposto um projeto de resolução, que teria que ser aprovado no plenário por maioria simples.

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