sábado, 15 de março de 2014




Pesticidas provocam pandemia de autismo, diz especialista em saúdeMédico defende que produtos químicos, em especial os pesticidas, estão diretamente relacionados a distúrbios como autismo

Paloma Oliveto - Correio Braziliense
Publicação: 14/03/2014 21:43 Atualização:

Uma pandemia silenciosa. É como um dos maiores especialistas internacionais em saúde da criança define os casos de transtornos do neurodesenvolvimento, problemas que afetam de 10% a 15% dos nascimentos. Pediatra e diretor do Centro de Saúde Ambiental Infantil da Faculdade de Medicina Mount Sinai, em Nova York (EUA), Phillip Landrigan acredita ter identificado os maiores vilões do cérebro em formação. Em um estudo publicado na revista Lancet Neurology, o médico defende que produtos químicos, em especial os pesticidas, estão diretamente relacionados a distúrbios como autismo, deficit cognitivo, hiperatividade e dislexia.

O novo artigo é a revisão de uma pesquisa conduzida por Landrigan em 2006, na qual o pediatra juntou dados epidemiológicos do mundo todo, além de analisar resultados de testes clínicos realizados com substâncias tóxicas. Na época, foram identificados cinco resíduos industriais — chumbo, metilmercúrio, arsênico, bisfenol policlorado e tolueno —, além de 201 produtos químicos que causaram danos ao sistema nervoso de adultos expostos a eles no ambiente de trabalho, em acidentes ou devido a envenenamento intencional. “Desde então, novos dados surgiram sobre a vulnerabilidade do cérebro em desenvolvimento, além de evidências a respeito da neurotoxidade dos produtos químicos”, alerta.

"Necessitamos urgentemente de uma estratégia de prevenção global. Produtos químicos em uso precisam ser testados novamente, levando em consideração os efeitos sobre o cérebro do feto. Aqueles que jamais foram testados devem ser tachados de inseguros" - Phillip Landrigan, diretor do Centro de Saúde Ambiental Infantil da Faculdade de Medicina Mount Sinai. Foto: Faculdade de Medicina/Divulgação

Coautor do estudo, Philippe Grandjean, professor de saúde ambiental da Faculdade de Medicina de Harvard, diz que o cérebro do feto não é protegido contra substâncias químicas em geral. “A placenta é incapaz de bloquear a passagem de uma boa quantidade de tóxicos ambientais aos quais a mãe está exposta. Mais de 200 agentes químicos estranhos ao organismo já foram detectados no sangue do cordão umbilical, sem contar que o leite materno também é uma fonte de transmissão desses agentes”, revela. Estudos in vitro, conta o médico, sugerem que as células-tronco neurais, que vão dar origem aos neurônios e a outras estruturas do órgão, são extremamente sensíveis a essas substâncias, especialmente ao metilmercúrio. “Em suma, químicos industriais conhecidos ou suspeitos de serem neurotóxicos para adultos também são riscos em potencial para o embrião”, diz.


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