segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Por comissão, médicos fazem cirurgias desnecessárias e fraudes, informa TV


Uma máfia atua no mercado de próteses no Brasil, que movimenta R$ 12 bilhões por ano. Médicos chegam a prescrever cirurgias desnecessárias, colocando em risco a vida dos pacientes. Em troca, recebem das empresas que comercializam os implantes comissões que rendem até R$ 100 mil por mês. Em muitos casos, o esquema frauda documentos para obter liminares judicias que obrigam o SUS e planos privados de saúde a pagar por procedimentos superfaturados.
As ações criminosas foram escancaradas pelo repórter Giovanni Grizotti em reportagem exibida na noite deste domingo (4) no programa Fantástico. A apuração foi feita durante três meses, em cinco Estados. Para pilhar as transações ilegais, o repórter se fez passar por médico. Com uma câmera escondida, registrou uma impressionante sequência de propostas indecorosas. Mercadores de próteses oferecem às escâncaras comissões de 20%, 25%, 30%.
O repórter ouviu uma mulher que era responsável pela contabilidade de uma grande clínica em São Paulo. Ela falou sem exibir o rosto. “Aquilo ali parecia uma quadrilha. Uma quadrilha agindo e lesando a população”, disse, manuseando papeis. “Um exemplo que eu tenho aqui: R$ 260 mil de cirurgia, R$ 80 mil pra conta do médico. Tem uma empresa pagando R$ 590 mil de comissão pro médico no período aqui de seis meses.”
As empresas que repassam dinheiro aos médicos por baixo da maca, normalmente em espécie, utilizam um mecanismo manjado para tentar ludibriar o fisco. Pedem aos médicos que assinem contratos de consultoria. Assim, podem lançar as comissões na contabilidade como se fossem despesas lícitas.
Diretor de um hospital de Porto Alegre por 14 anos, o médico Alberto Kaemmerer disse ter criado um grupo para revisar os pedidos de cirurgia. “A cirurgia mal indicada, ela acresce um risco muitíssimo importante. Risco de morte”, afirmou. O grupo revisor rejeitou, por desnecessárias, pelo menos 35% das cirurgias de próteses.
Deu-se coisa parecida em São Paulo, no Albert Einsten, uma das mais prestigiadas casas hospitalares da América Latina. Ali, uma equipe médica perscrutou durante um ano os pedidos de cirurgia de coluna encaminhados por médicos credenciados num determinado plano de saúde. Cláudio Lottenberg, presidente do Einstein, relatou: “Nós recebemos aproximadamente 1,1 mil pacientes no período de um ano. E desses, menos de 500 tiveram indicação cirúrgica. Então, muito possivelmente, estava havendo um exagero em relação a essas indicações.”

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