
Os recursos da
moderna propaganda estão sendo usados à exaustão nesta campanha para
explorar as descobertas mais recentes da neurociência, que já definiu
que o eleitor vota mais com a emoção do que com a razão.
Mais uma vez o
PT apela para o esquerdismo canhestro para tentar barrar a caminhada da
hoje adversária Marina Silva, assim como fez com os candidatos do PSDB
em pleitos anteriores.
A privatização
já foi o argumento da vez, mas, como o próprio governo petista teve que
privatizar portos, rodovias e aeroportos para destravar os
investimentos, achou-se outro bode expiatório contra Marina, como o
Banco Central autônomo ou o petróleo do pré-sal.
Sempre
aparentando uma estratégia de esquerda, uma suposta defesa dos
desvalidos, o que o PT faz é explorar o medo das camadas menos
informadas da população criando fantasmas contra seus adversários.
O fenômeno mais
interessante desta eleição é a troca de posições entre os candidatos do
PSDB e do PSB, com Marina concretizando todos os projetos estratégicos
previstos por Aécio Neves quando da campanha ainda participava o
ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
Contando com o
esquema partidário do PSDB, bem mais capilarizado que o do PSB, Aécio
pretendia neutralizar a força do PT no Nordeste com boas votações em
estados daquela região onde a oposição se fortalecera depois da eleição
de 2010, como Bahia e Ceará, além de contar com a vitória natural de
Campos em Pernambuco.
Se em 2010
Dilma elegera-se com votação espetacular no Norte e no Nordeste, onde
tirara mais de 11 milhões de votos de diferença para o candidato tucano
no 2º turno, este ano alterações importantes indicavam que a votação
naquelas regiões poderia ser diluída entre os três principais
adversários, mesmo que Dilma continuasse com vantagem.
A entrada de
Marina na disputa, devido à morte trágica de Campos, fez com que se
concretizasse a mudança de quadro nas votações, mas a favor dela. Dilma,
que teve média de 70% dos votos do Nordeste em 2010, neste momento está
com 47%, enquanto Marina tem 31%. Aécio está com a mesma votação que
Serra teve em 2010: 8% dos votos nordestinos.
Em PE, Marina
manteve a maioria dos votos de Campos e lidera com 45%, enquanto Dilma
tem apenas 38%. Na BA, Dilma está à frente com 50%, mas em 2010 teve
67%. Em nenhum dos dois estados, com 43% do eleitorado do Nordeste,
Aécio está à frente, embora a coligação DEM-PSDB esteja vencendo a
eleição para o governo na Bahia.
No Sudeste,
Dilma está com 28%, em contraponto aos 46% que teve na última eleição,
pois venceu em Minas. Marina hoje tem 36% dos votos do Sudeste, mais que
Serra em 2010, mesmo este tendo vencido em SP. Marina, no momento,
vence em São Paulo e disputa o segundo lugar em Minas com Aécio.
Em SP, o
governador Geraldo Alckmin pode vencer no 1º turno. O PSDB tem vencido
regularmente a eleição para presidente em SP, mas desta vez quem está à
frente é Marina. No Rio, onde a presidente teve vitória com 3,7 milhões
(43,8%) no 1º turno, e 4,9 milhões (60,5%) no 2º , a candidata Marina
Silva lidera as pesquisas, impossibilitando que a presidente Dilma
repita sua performance.
O esquema
partidário paralelo que Aécio montou com dissidentes da base aliada do
governo do estado, que rejeitaram o apoio do PT a Lindbergh Farias, não
está funcionando a seu favor. No Sul, Dilma caiu de 43% para 35%, e tem a
mesma votação que Serra em 2010. Marina tem 28%, enquanto Aécio mantém
20%.
Mais um exemplo
de que as alianças feitas não estão alavancando Aécio: no Rio Grande do
Sul, a senadora do PP Ana Amélia vence para o governo do estado, mas
Aécio está em 3º lugar. Marina atualizou seu programa de governo, em
especial na parte econômica, e encontrou semelhanças com o eleitorado do
PSDB, o que facilitará uma transferência de votos no segundo turno.
O PT, por seu
lado, conseguiu dar à campanha o tom de confrontação radicalizada que
lhe é propício. Marina terá que contar com a organização partidária dos
aliados da oposição para fazer frente à máquina partidária petista no 2º
turno. (Por Merval Pereira, Jornalista/Blog do Noblat)
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